O fim, o caos, o início de uma vida sub-humana
É o agravamento incontrolável da violência urbana
Onde o pobre não tem nenhuma chance
E ficar isolado é o que está ao seu alcance
Isolado e privado de uma vida segura
Só lhe resta na verdade uma vida muito dura
Problemática, estática, de lamentação
Massacrado pela discriminação
Nós somos discriminados por essa sociedade
Empurrados, afastados, do centro da cidade
Onde não podemos adquirir a moradia
Mas podemos trabalhar o dia inteiro para sustentar a burguesia
Eles acham mesmo que o proletário é um lixo
Que deveria ser enjaulado, tratado como um bicho
Como se já não vivesse num mundo contraditório
Enjaulado nas cidades-dormitório
Uma enlameada, escrachada, parada, que não tem nada
Tenho certeza: já ouviu falar sobre a baixada
Onde a pobreza impera e a miséria é de fato
Um verdadeiro quinto mundo dentro de um quarto
Com um povo sofrido, perdido, banido, esquecido
Enjaulado e trancado, largado num mundo bandido
Um mundo vítima da pura incompetência
Que é o resultado do estado de indigência
E da falência ininterrupta do código penal
Completo abandono da instituição policial
Que é ultrapassada, enquanto a criminalidade
Cada vez mais se organiza e toma conta da cidade
Da cidade, do estado e de toda a nação
Crime organizado já não tem mais solução
Por isso, infelizmente, comunidades carentes
Vivem a mercê da covardia dessa gente
Crime organizado que te torna um delinquente
Crime organizado que vicia nossa gente
Crime organizado que obriga o inocente
Em troca do dinheiro sujo, virar um delinquente
Um delinquente obrigatório só quer garantir o pão
E vê na criminalidade a única opção
Iludido pelo poder, se transforma em um soldado
Não tem nada a perder, pois é criminalizado
Seria bem diferente se tivesse educação
Teria opção, poderia dizer não
Poderia conhecer o lado bom da vida
Arrumar um trampo, estudar, ter uma família
Não jogue sua vida fora saia desse jogo
Pois tudo que o dinheiro dá ele toma em dobro
Eu sou o seu irmão, não tenho obrigação
Mas quero transmitir pra você um pouco de informação
Não sou dono da verdade, mas sou consciente
Me incomoda ver por baixo a minha terra, a minha gente
Meu povo sofrido, esquecido como eu
Que se pergunta a todo instante: será que existe deus?
A culpa não é dele, mas sim de quem deveria
Dar educação, trabalho, saúde e moradia
Mas te incentivam a querer ser o tal
Com um oitão na cintura, fazendo cara de mal
Mas toda essa maldade, você já deve saber
Gira e vira como uma bola e volta pra você
Sai fora dessa vida, conheça um mundo novo
Não seja mais um covarde envenenando o próprio povo
Se mantenha longe das tretas e também do vício
Se você quer dignidade tem que batalhar pra isso
Sabe que a vida é dura, mas só que tem que se ligar
Faça a sua parte que a minha é conscientizar
Uma andorinha sozinha nunca fará verão
Mas mais de um milhão faz uma revolução