baseado em trecho do livro de Alessandro Buzzo
Os gritos do goleiro ditavam o ritmo do jogo / sempre era assim, um time contra o outro
De que lado eu vou ficar? Sempre foi no par ou ímpar / e era assim que os times variavam no dia a dia
Sempre que dava, jogava com o time inteiro / mas se faltasse gente, era golzinho, sem goleiro
De um lado os de camisa, do outro lado sem camisa / o chinelo velho substitui a baliza
Peguei a bola, passei pelo primeiro / o segundo zagueiro, um lençol no goleiro
Sou artilheiro, banheira que nada / de direita, de canhota. Topo qualquer parada
Entrei com bola e tudo meu cumpadi / na hora de meter gol, não tem essa de humildade
E na realidade vou te contar uma estória / tu só tá no jogo, porque é o dono da bola
Me lembro dessa época, vitalidade pra brincar / subir nas árvores, correr e zoar
E se deixar, não quero mais saber de nada / fico na rua até de noite, até de madrugada
A gente brincava de tudo que se possa imaginar / se tivesse pipa pra soltar, pião pra rodar
Bola de gude, pique esconde e pique salva / pique tá, pique ajuda, pique bandeira, pique lata
Pique parede, pique alto, pique cola / mas o que a gente gostava mesmo, era de jogar bola
À noite, a principal brincadeira / era pique esconde ou então pique bandeira
Segundo a regra, você só poderia se esconder / na própria rua, ou então não iria valer
Um contava até 20 e os outros corriam / um contava até 20 e os outros se escondiam
O que procurasse não podia vacilar / por que todos que ele encontrasse poderiam se salvar
A molecada se escondia em qualquer quintal / pulava muros, fazia um barulho infernal
Sempre pintava uma vizinha mal humorada / que vira e mexe furava a bola da molecada
A gente fazia de tudo pra provocar ela / gritava a noite em frente o casa dela
Soltava bomba no quintal e saia correndo / é claro que na madruga e se ela não estivesse vendo
Lembro como se fosse ontem, um belo dia / estava toda a turma na rua reunida
O muro azulejado e de repente BOOM / tijolo não sobrou nenhum
A dona saiu desesperada, irada / Gritando e acusando toda molecada
Época de bola de gude, epidemia / a quantidade de bolas que cada um tinha
Não dependia da quantidade de dinheiro / mas sim da habilidade dos parceiros
Tinha moleque que comprava 20, 30 bolas / e perdia tudo em menos de uma hora
Por outro lado tinha moleque que eu nunca vi comprando / e vivia com o pote cheio, as vezes até transbordando
Tampa de panela vira carro em alta velocidade / expressão de auto-criatividade
Crianças exercitando a mente fazendo com as próprias mãos / e o que era melhor, sem gastar nenhum tostão
Mas hoje é diferente: você não pode escolher / a TV escolhe pra você
Multidão que não pensa presa entre 4 paredes / como um cardume na rede
Pique ajuda é pra já, nunca deixo pra depois / Nasci em 72
Matava a escola, só pensava em bola, quero ver depois / Nasci em 72
1972
Os gritos do goleiro ditavam o ritmo do jogo / sempre era assim, um time contra o outro
De que lado eu vou ficar? Sempre foi no par ou ímpar / e era assim que os times variavam no dia a dia
Sempre que dava, jogava com o time inteiro / mas se faltasse gente, era golzinho, sem goleiro
De um lado os de camisa, do outro lado sem camisa / o chinelo velho substitui a baliza
Peguei a bola, passei pelo primeiro / o segundo zagueiro, um lençol no goleiro
Sou artilheiro, banheira que nada / de direita, de canhota. Topo qualquer parada
Entrei com bola e tudo meu cumpadi / na hora de meter gol, não tem essa de humildade
E na realidade vou te contar uma estória / tu só tá no jogo, porque é o dono da bola
Me lembro dessa época, vitalidade pra brincar / subir nas árvores, correr e zoar
E se deixar, não quero mais saber de nada / fico na rua até de noite, até de madrugada
A gente brincava de tudo que se possa imaginar / se tivesse pipa pra soltar, pião pra rodar
Bola de gude, pique esconde e pique salva / pique tá, pique ajuda, pique bandeira, pique lata
Pique parede, pique alto, pique cola / mas o que a gente gostava mesmo, era de jogar bola
À noite, a principal brincadeira / era pique esconde ou então pique bandeira
Segundo a regra, você só poderia se esconder / na própria rua, ou então não iria valer
Um contava até 20 e os outros corriam / um contava até 20 e os outros se escondiam
O que procurasse não podia vacilar / por que todos que ele encontrasse poderiam se salvar
A molecada se escondia em qualquer quintal / pulava muros, fazia um barulho infernal
Sempre pintava uma vizinha mal humorada / que vira e mexe furava a bola da molecada
A gente fazia de tudo pra provocar ela / gritava a noite em frente o casa dela
Soltava bomba no quintal e saia correndo / é claro que na madruga e se ela não estivesse vendo
Lembro como se fosse ontem, um belo dia / estava toda a turma na rua reunida
O muro azulejado e de repente BOOM / tijolo não sobrou nenhum
A dona saiu desesperada, irada / Gritando e acusando toda molecada
Época de bola de gude, epidemia / a quantidade de bolas que cada um tinha
Não dependia da quantidade de dinheiro / mas sim da habilidade dos parceiros
Tinha moleque que comprava 20, 30 bolas / e perdia tudo em menos de uma hora
Por outro lado tinha moleque que eu nunca vi comprando / e vivia com o pote cheio, as vezes até transbordando
Tampa de panela vira carro em alta velocidade / expressão de auto-criatividade
Crianças exercitando a mente fazendo com as próprias mãos / e o que era melhor, sem gastar nenhum tostão
Mas hoje é diferente: você não pode escolher / a TV escolhe pra você
Multidão que não pensa presa entre 4 paredes / como um cardume na rede
Pique ajuda é pra já, nunca deixo pra depois / Nasci em 72
Matava a escola, só pensava em bola, quero ver depois / Nasci em 72
1972