Publicado em: revistaraiz.uol.com.br
Filmes das periferias do mundo estão em cartaz no 2º CineCufa
Com intuito de valorizar as obras audiovisuais produzidas por cineastas de diferentes favelas do mundo, o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro realiza a partir do dia 9 de setembro, com entrada franca, a segunda edição do CINECUFA. Organizado pela Central Única das Favelas as obras exibidas não abordam necessariamente o tema ?favela? mas têm por trás das lentes o ponto de vista da periferia e de seus legítimos representantes.
Além dos filmes,o CINECUFA trás a tona questões importantes que serão discutidas em mesas de debate sempre às terças e quintas-feiras com destaque para a função social dos filmes, o mercado de trabalho e as novas mídias digitais (programação abaixo).Nesses encontros, o público é convidado a pensar junto com personalidades cinematográficas, atores, representantes do movimento do cinema das periferias e outros formadores de opinião. ? A proposta é incentivar essa nova ordem cultural e artística, favorecendo a atuação da periferia não somente como personagem à frente das câmeras, mas também como protagonista por trás delas?, ressalta uma das curadoras do evento, a rapper Nega Gizza.
Nesta segunda edição, a Central Única das Favelas homenagea ex-alunos do curso de Audiovisual, oferecido pela CUFA, e que receberam prêmios por festivais de todo o País. Devido ao barateamento dos equipamentos audiovisuais, deu-se, nos últimos anos, uma intensa produção vinda das comunidades, que proporcionou mais acesso aos meios de produção audiovisual, mas ainda com locais restritos de exibição que atendam essa crescente demanda.
Em 2008, a segunda edição do CINECUFA vai apresentar na tela do CCBB filmes de periferias do mundo, como as da França, Itália, Cuba, Estados Unidos e do continente africano, entre outros. A partir da seleção dos filmes, a proposta é traçar um paralelo entre a diversidade e a peculiaridade deste segmento de produção, abordando diferentes temáticas através de ficções, documentários e animações, de curta, média e longa metragem um amplo panorama das obras cinematográficas das periferias ao redor do globo. A segunda edição do CineCufa conta com as parcerias da Petrobras, Banco do Brasil, MinC e Rede Globo.
?No CINECUFA os cineastas das periferias encontram a oportunidade de exibir suas obras e percepções sobre variados assuntos. E o público que aprecia cinema tem um ponto de encontro para trocar idéias e se informar sobre o que está sendo produzido nos recantos menos privilegiados e pelos habitantes das camadas mais populacionais do planeta?, avalia o coordenador da Cufa, Anderson Quak.
Serviço:
2º CINECUFA
De 9 a 21 de setembro
Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março ,66, Centro, Rio de Janeiro, RJ
Telefone: (21) 3808-2020
Entrada Gratuita
Mais informações sobre os filmes no site oficial:
www.cinecufa.com.br
Programação Debates
Terça dia 9 de setembro às 19:30h
Tema: Mercado de trabalho na área audiovisual
Não é recente a luta dos jovens por vagas na área de audiovisual, para atuarem como profissionais e mesmo como aprendizes. Há necessidade, no mercado cinematográfico, de uma renovação em termos de profissionais, pois embora o mercado apresente sinais de expansão, são sempre os mesmos profissionais que trabalham nas atuais produções. Com isso, entramos no círculo vicioso, onde ONGs, pontos de cultura e núcleos de audiovisual formam profissionais capacitados, porém sem oportunidades na área almejada. Pra onde vão os jovens profissionais? Quem são os responsáveis por abrir caminhos profissionais na área cinematográfica? Dá pra ganhar dinheiro na área audiovisual? Anderson Quack (cineasta e coordenador da Cia. de Teatro Tumulto, da CUFA), Karina Tavares (produtora responsável pelo Festival Internacional Génération Court, realizado na França, no Mali, na Algéria, no Senegal e no Brasil) e Elder Vieira dos Santos (representante da ANCINE), discutirão essas e outras questões com o público do Cine Cufa.
Quinta dia 11 de setembro às 19:30h
Tema: A função social e política dos filmes de favela
A era das grandes produções nas quais a favela era o cenário e os moradores eram os bandidos atingiu seu ponto mais alto com o lançamento do filme ?Cidade de Deus?. Desde esse brilhante lançamento, dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, a produção audiovisual oriundas das favelas de todo o Brasil começou a crescer. Junto com esse crescimento, veio a necessidade de escoar essas produções para a sociedade brasileira. Porque abrir espaço para a exibição desses filmes? Qual o objetivo dessas produções? Existe algum canal destinado à exibição das produções de favela? Qual a diferença entre essas produções e os filmes de “asfalto”? Questões como essas e outras serão tratadas pelo secretário de cultura do município do Rio de Janeiro, Sr. Ricardo Macieira; pelo coordenador do ponto de cultura Hip Hop a Lápis, de São Paulo, Sr. Toni C; e pelo cineasta Cacau Amaral, que mediará a mesa.
Terça dia 16 de setembro às 19:30h
Tema: A função das novas mídias
O século XXI chegou com força total, potencializando cada vez mais as ciências tecnológicas. Diante da globalização e das aceleradas mudanças sociais que a tecnologia nos proporciona, vimos a necessidade de elaborar uma mesa de discussão através da qual profissionais da área possam abordar esse assunto junto com o público do Cine Cufa. Qual será a verdadeira função dessas tecnologias? Para que servem? Podemos viver sem elas? Pode acontecer uma ?revolução das mídias?? Existe algum canal de escoamento para as produções feitas em celulares e similares? Essas e outras questões serão discutidas com Adriana Rattes (secretária de cultura do Estado do Rio de Janeiro), Eliane Costa (diretora de patrocínio da Petrobras) e Adriana Carneiro (estudante de novas mídias, pela Universidade Federal Fluminense).
Quinta dia 18 de setembro às 19:30h
Tema: A televisão e os canais de cinema nacional
Uma vez que o acesso a mecanismos de produção ? tais como cursos e oficinas gratuitos de audiovisual em ONGs, pontos de cultura e núcleos escolares ? foi possibilitado a uma grande parcela de brasileiros, visamos a democratização dos meios de comunicação. Queremos discutir a possibilidade de transmissão das obras audiovisuais feitas por jovens oriundos de iniciativas como as supracitadas. No entanto, embora as leis brasileiras afirmem que as emissoras de televisão precisam abrir espaços para escoar as informações comunitárias e sociais, não existe nenhum órgão que possa fiscalizar e lutar junto com a população por esses espaços, que devem ser satisfatórios para as camadas mais desfavorecidas e carentes de canais onde possam propagar seus conhecimentos, sejam eles cinematográficos, radiofônicos, teatrais etc. Por que falta esse espaço, tanto na TV privada quanto na TV pública e na TV por assinatura? Será que a demanda desses produtos está maior do que a capacidade de absorção dos meios de comunicação? A exibição desses materiais é interessante para as TVs? Esses são apenas alguns dos pontos que serão abordados nessa mesa, composta por Cavi Borges (cineasta), Tiago Gomes (ator, cineasta e coordenador do Núcleo de Audiovisual da CUFA) e Ivana Bentes (professora e pesquisadora da Escola de Comunicação da UFRJ).
Publicado em: http://revistaraiz.uol.com.br/portal-raiz/portalraiz.php?cod=132&rel=1. Último acesso: 21/11/2012