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“5X Favela” – boas intenções, segundo o poeta
27/08/2010 07:17 | Autor: Eduardo Escorel
Motivado pelo comentário publicado na piauí 47 sobre “5X Favela – Agora por Nós Mesmos”, Armando Freitas Filho levanta algumas questões, mesmo sem ter visto o filme:
“1. Só com uma boa dose de ingenuidade pode-se acreditar, cinematograficamente, nesse ‘nós mesmos’ [do título]. Trata-se, apenas, de uma boa intenção e alguém de peso já disse que a arte não vive de boas intenções.
2. Não estranharia nada que o Cinco vezes favela de 1962 me parecesse mais feito por ‘nós mesmos’ do que esse em exibição – pois a Favela de agora, de encomenda, a imagino como uma espécie remasterizada e remastigada por novas bocas que repetem a comida e o modo de morder das bocas de outrora. Sendo assim, o modo de digerir não fica didático, pré-datado?
3. Que tal se os novatos fizessem um 50XLapa, ou coisa que o valha, com motivação livre e não implantada, o resultado não poderia ser mais ‘quente’, ou, pelo menos, mais instigante?
4. Por que tudo tão simétrico, espelhado como que à força, nostálgico, narcísico? Afinal, a produção ‘em família’, pode ser mais cômoda, e é um modelo atual de sucesso no show business e na imprensa, embora, dificilmente, apresente novidade ou desafio, segundo penso e avalio.”
Além disso, Armando diz discordar do final do comentário publicado na piauí, perguntando: “será que o filme foi bem aceito [no festival de Paulínia] justamente porque não causa nenhum estranhamento, não traz perigo, revelação etc.?”
Amir Labaki, por sua vez, também discordou da menção à premiação em Paulínia. Respondi a ele que o fato de o júri ser integrado por Sérgio Augusto, Ana Luiza Azevedo e Di Moretti, entre outros, me fez acreditar que mencionar os prêmios era uma questão de justiça. Se eles acham que o filme merece tantas loas, quem sou eu para discordar?
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