Prometi escrever um texto onde falaria de nosso debate no Cinecufa, mas assim que sentei-me em frente ao computador percebi o quanto estou nervoso com a aproximação da estreia de 5x favela – agora por nós mesmos, e o quanto sinto vontade de compartilhar isso com o público. É meio difícil explicar, mas não consegui nem ir à faculdade. Desde a finalização do filme, experimentamos diversas emoções. Sinceramente,
não sei quando isso vai parar, mas gosto. Gosto muuuiiito.
Acabei de ler o texto publicado por Celso Athaíde em nosso site e acada linha viajava no tempo. No tempo em que entreguei um CD demo a Def Yuri, que ao ouvir me aconselhou a inscrevê-lo no Prêmio Hutus. Estava em Caxias ouvindo rap, quando a locutora disse que meu grupo havia sido indicado à categoria Melhor Demo. Na hora nem acreditei,mas em poucos dias estava reunido com uma porrada de malucos compartilhando medos, sonhos, ideias loucas. Hoje a Cufa é reconhecida em todo Brasil e no mundo, mas naquele tempo nem nome tínhamos.
Gravamos um CD chamado Ação e reação, com vinte grupos de rap carioca loucos pra gritar pelo fim do preconceito. Era um barriu depólvora pronto pra explodir. E o melhor: MV Bill tinha acabado de
descolar uma câmera para fazer o Falcão – meninos do tráfico, e três dos vinte grupos gravariam um videoclipe com a danada. Esse foi meu primeiro contato com o cinema.
Faltam menos de 24 horas pra estreia de nosso filme. Dá meio que um nó na cabeça, só de ficar pensando nessas coisas. Como a ação de gravar um simples demo gera uma reação e outra e outra até desencadear
no maior filme de minha vida. De nossas vidas.