por Diário Popular
20/05/2011 00:00

IPATINGA – A 8ª Cinedocumenta, promovida com o patrocínio da Usiminas, ganha sequência no final de semana com uma extensa programação, que será desenvolvida simultaneamente em Ipatinga, Timóteo, Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso.
A mostra de cinema, aberta na última segunda-feira sob o tema “Viva o Povo Brasileiro”, vem atraindo grande e diversificado público. Pessoas de todas as idades, sexo, nível de escolaridade, profissionais das áreas mais variadas têm prestigiado a Cinedocumenta. “Esse pluralismo tem tudo a ver com o título da mostra, que como explica João Ubaldo Ribeiro, autor do livro homônimo, convida as pessoas a viverem o nosso povo, resultado da miscigenação”, comenta Éderson Caldas, produtor da Cinedocumenta, que faz um balanço sobre as exibições.
ENTREVISTA
A mostra foi aberta no início da semana com a exibição de uma entrevista de João Ubaldo, gravada em sua casa por Éderson Caldas e pelo cineasta Joel Pizzini, um dos oficineiros da Mostra. No vídeo, Ubaldo fala sobre o seu livro “Viva o Povo Brasileiro”, e diz que a realidade é mais absurda que a ficção.
A exibição dos filmes foi iniciada com “5 X Favela”, um longa ficcional. A projeção foi seguida de debate entre Luciana Bezerra, diretora de “Acende a luz”, um dos episódios do filme; o professor, teólogo e filósofo Nazareno Athaíde e o cineasta Sávio Tarso, curador da Mostra.
Nascida na Rocinha, Luciana Bezerra conta que, com sua obra, quis desmitificar a favela e mostrar que há possibilidade de vida na periferia. “Eu me inspirei na minha família, que é muito unida e festeira. Ninguém tem passagem pela polícia. Conquistamos tudo com trabalho”.
O fato de o evento ter sido aberto com um filme de ficção motivou um bom debate. Luciana Bezerra diz que “5 X Favela” é muito parecido com documentário, pois havia um propósito dos seus diretores de produzir uma obra ficcional que se aproximasse muito da realidade. “Com sensibilidade, a gente vai navegando entre a ficção e o real. Criando ficção com traços do real e vice-versa”, pontua.
Em sua fala, o cineasta Joel Pizzini, oficineiro da Cinedocumenta, disse que assim como o cineasta Goddard, ele não concebe a ficção e o documentário como opostos. Em seguida, citou a frase do vanguardista francês, “todos os grandes filmes de ficção tendem ao documentário, como todos os grandes documentários tendem à ficção”.
UNILESTE
Na noite da última terça-feira, o Unileste foi palco da Mostra, que reuniu cineastas no debate: Encontro com realizadores. Participaram do evento a doutora em comunicação, Ivana Bentes; e os cineastas Luciana Bezerra, Tatiana Carvalho, Joel Pizzini, Sávio Tarso e Marcos Pimentel, direto de Pólis, assunto do bate-papo.
Segundo Pimentel, seu filme foi construído com o propósito de retratar o horror e o sublime do urbano em constante transformação, numa era onde não há nada acabado, definitivo. “Nesse filme, a construção e a destruição são apresentadas a todo instante, como o que está posto diante dos nossos olhos nas grandes metrópoles”, analisa.
REFLEXÕES
Tatiana Carvalho propôs reflexões sobre questões contemporâneas, como a falta de generosidade com a produção documental. “A gente faz filme, exibe nos festivais. E aí? É só isso? A mídia não facilita a acessibilidade a esses trabalhos”, sublinha. Em seguida, a cineasta aponta a Cinedocumenta como uma porta que abre espaço para a difusão dos documentários. “Essa é a grande possibilidade que temos no Vale do Aço, de termos valorizado o cinema-documentário”, afirma.
Ivana Bentes, afinada com Marcos Pimentel, observou que Pólis retratou bem a falta de identidade das grandes metrópoles, um dos propósitos do filme. “A singularidade das cidades, o que as identifica não marca mais esses espaços. Isso fica evidente na obra de Pimentel”. Em seguida, Ivana contempla a singularidade que marca “5 X Favela”. “O filme sai dos clichês construídos pela indústria cinematográfica, mostra a diversidade do povo brasileiro. Pessoas não são algo genérico”, fala.
Programação de 20 a 22
DIA 20 DE MAIO – sexta-feira
Auditório da Biblioteca Central de Ideias
16h – Sessão Comentada
“Margem” (54min, RJ, Direção: Maya Dá-Rin)
PARQUE IPANEMA
19h30 – Sessão de Curtas
“Fogo. Doc” (5min, Florianópolis, Direção: Leandro Andrade)
“Satélite Bolinha” (9min, RJ, Direção: Bruno Vianna)
“ÓEUAÍ” (2min, BH, Direção: Ricardo Mehedff )
“Eldorado: a esperança e o desespero” (5min, RJ, Direção: Paula Moreira)
“Retratos” (17min, Recife, Direção: Leo Tabosa e Rafael Negrão)
“Esse é o carnaval da superação” (18min, SP, Direção: Diogo Leite)
21h – Sessão de Longa
“Seu Cavaco, Dom Bandolim e o Choro do Mestre Duduta na Rainha da Borborema” (52min, Campina Grande – PB, Direção: Riccardo Migliore e Thaíse Carvalho)
DIA 21 DE MAIO – sábado
COMUNIDADE COCAIS DOS ARRUDAS
19h – Sessão de Curtas
“Congado, Tradição e Fé” (18min, Timóteo ? MG, Direção: Elizeu Mol)
“Tebei” (20min, Olinda, Direção: Gustavo Vilar, Hamilton Costa, Paloma Granjeiro e Pedro Rampazzo)
“A Boate Azul” (14min, Cruzeiro da Fortaleza – MG, Direção: Cássio Pereira dos Santos)
PARQUE IPANEMA
19h30 – Sessão de Curtas
“Angeli 24h” (25min, Rio de Janeiro, Direção: Beth Formaggini)
“Urbanographia Digitalizada de Baixa Resolução – versão beta” (14min, Curitiba, Direção: Diogo Marques)
“Projeto Audiovisual Cubatão Sinfonia” (17min, Santos, Direção: Letícia Sonnewend)
21h – Sessão de Longa
“Noel Rosa, Poeta da Vila e do Povo” (123min, Goiânia, Direção: Dácio Malta)
DIA 22 DE MAIO – domingo
18h – Comunidade Achado dos Pretos
“O Vale dos Quilombos” (40min, SP, Direção: Chico Guariba)
PARQUE IPANEMA
19h30 – Sessão de Médias
“Se eu não tivesse amor” (45min, RJ, Direção: Geysa Chaves)
“Barras e Barreiras, Retrato de Kelly Alves” (38min, Campina Grande ? PB, Direção: Riccardo Migliore)
21h
Encerramento, com a exibição do curta, resultado da Oficina de Realização.
Publicado em: http://www.diariopopularmg.com.br/mat_vis.aspx?cd=16638