A decupagem de 5X Favela, Agora por Nós Mesmos foi distribuída entre os cinco episódios do filme. Eu e Felha, é lógico, ficamos com Arroz e Feijão. O roteiro já estava pronto para os ensaios dos atores. Agora era a vez de fazermos uma decupagem para que toda equipe entendesse os caminhos previstos para o filme. É claro que durante as filmagens muita coisa seria mudada, mas de qualquer forma esse documento foi fundamental para nossa comunicação.
Primeiro fizemos descrições das ações em forma de texto. Depois partimos para uma planta baixa em cada sequência. Valeu a pena aprender a lidar com esses desenhos. Achava esse assunto muito complicado no início, mas depois de ter as aulas na Cufa, na Darcy Ribeiro e oficinas do 5X, não poderia deixar de dominar a coisa.
Durante as oficinas de direção, já íamos fazendo pequenas anotações em blocos, mensagens de celular e até guardanapos. Não podemos esquecer do toró de parpite: dos alunos das oficinas, professores, mulher do cafezinho, vigilante… Todo mundo contribuía como queria e podia.
Depois, eu e Felha, discutíamos tudo isso nas tradicionais reuniões em nosso escritório, na praça de alimentação do Shopping da Freguesia. A gente começava bem comportado, avaliando anotações e quando a linguagem escrita e falada já não era suficiente para explicarmos o inexplicável partíamos para as mímicas, chegando ao ponto de subir nas mesas e até gritar como doidos. Os clientes do shopping não entendiam nada.
Além das sequências, fizemos também a planta da favela diegética. Quando enviei esse arquivo para a equipe, pensaram que era uma piada de internet e foi a maior confusão. A favela diegética era uma planta de toda favela imaginária. Ela previa a distância entre as casas de Wesley e Orelha, o aviário, a Zona Sul, tudo. Assim podíamos ter mais na mão o tempo necessário para nossos heróis perambularem pela trama, já que as distâncias do filme são diferentes das da vida real.