Tom C
Am Em
trago um punhado de sonetos
que versam meu dia a dia
no centro da periferia
enriquecido nos guetos
falo sobre a minha vida
partindo de um ponto
com crônica conto
feliz ou sofrida
fodida e mal paga
pobre desgraçada
mas que fabrica alegria
dou a volta por cima
a escassez vira matéria prima
pros sonetos da periferia
sabe o que que dá vontade
de trabalhar o dia inteiro
e na hora da saída ser o primeiro
sair correndo para faculdade
mas eu fico aqui pensando
depois de tanto ter trabalhado
depois de tanto ter estudado
ficar aqui em pé esperando
essa bosta de ônibus que só demora
sem poder ir embora
de volta à periferia
mando tudo para o inferno
saco meu caderno
e lasco de poesia
a primeira vez que te vi
me lembro e hoje falo
da pesca do robalo
oh rio sarapuí
muitos peixes aqui
pescando carangueijo
que hoje não mais vejo
oh rio sarapuí
a gente bem junto
não tinha tanto defunto
só eu e você
rio sarapuí
não tem mais graça aqui
nem peixe pra se ver