Percebo que este foi o ano que menos escrevi nesse blog. Não é meu objetivo fazer uma análise disso, mas é fato que não criei esse espaço para ficar sem escrever. Talvez a dinâmica das redes sociais, talvez a dedicação às outras mídias. De qualquer maneira, é o maior prazer retomar essa retrospectiva a cada ano. Principalmente quando se observa as antecessoras e dá para perceber uma espécie de continuidade.
Sem uma grande análise da coisa, um dos principais motivos pelo afastamento da escrita tem bastante haver com essa coisa de continuidade. Passei a maior parte do ano dedicado a poucos projetos, mas de grande valia. Principalmente no que diz respeito ao resgate de coisas iniciadas no passado. Um foi o Papo de Moleque. Série de trinta episódios que passa todo sábado no Programa Aglomerado, produzido pela CUFA, na TV Brasil. Outra foi a vivência com o Novos Saberes, projeto do Observatório de Favelas e da Redes da Maré. Nele, experimentamos a produção de conteúdo científico com projetos que vão dar o que falar.
Muito me instiga saber que estes poucos projetos me possibilitaram perambular pelas maiores organizações humanas do Rio de Janeiro. Isso sem citar o Cineclube Mate com Angu, que já é carta marcada em outras retrospectivas. O triângulo Caxias, Maré, Madureira. Me devolveu um ar cosmopolita ao longo desse ano. Não que não tivesse esse mesmo ar no passado, mas a cada ano se torna mais complicado estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Esse é um fenômeno bastante conhecido que se chama P.I.C. (porra da idade chegando)
Quando Anderson Quack me convidou para dirigir o Papo de Moleque foi instantâneo e inevitável as lembranças da Cia de Teatro Tumulto. Onde ele foi diretor e eu coordenador de dramaturgia há alguns poucos anos. Naquela época sonhávamos em estampar a cara de um casal de jovens negros na TV aberta, protagonizando tantas e tantas histórias de nosso cotidiano. Felizmente esse dia chegou. Orquestrado pelo casal MV Bill e Nega Giza, as histórias de Kely e Vidigal ganharam a sala de estar.