Donana em Ipanema

   Nosso filme “Donana” foi exibido nesta sexta-feira, no OI Futuro, Ipanema, onde acontece o Festival Visões Periféricas. O filme foi apresentado dentro da Mostra Fronteiras Imaginárias, junto com os filmes “Uma casa Uma vida”, “Desdobráveis” e “ÓNA”. Depois da projeção fizemos um belo bate papo com participação de todos os realizadores, do público presente e o público da internet.

   O primeiro filme a ser exibido foi Uma casa Uma vida. O documentário aborda a transição cultural em algumas tribos indígenas. As casas dos ancestrais, as casas de hoje e as casas do futuro. O segundo filme foi Desdobráveis. Uma bela abordagem no cotidiano da arte na rua. Depois veio o Donana e para finalizar o ÓNA, que aborda a questão do negro no Rio de Janeiro.

   Uma coisa em comum em dois dos filmes foi a ausência de diálogos. Textos de Solano Trindade e Abdias do Nascimento dão ritmo às imagens de ÓNA, enquanto Desdobráveis discorre performances extremamente imagéticas, que interagem com a trilha sonora. Um casamento perfeito do cinema com o teatro vivo. Uma grande contribuição à mostra.

   Logo após às projeções, começou o bate papo. Iniciou-se uma reflexão sobre os caminhos possíveis aos filmes. A distribuição ainda é um grande gargalo. Festivais, TV, DVD e internet são algumas das opções colocadas na conversa. Principalmente porque o Visões Periféricas trouxe uma novidade, pelo menos para mim, que é a interação dos internautas com as projeções e principalmente com o debate.

   A surpresa e alegria com esse processo acabou se transformando em um belo presente: a primeira pergunta de um internauta. Interessante testemunhar essa ferramenta funcionando, porque a feitura de um filme está muito relacionada com o fato de ele poder viajar territórios onde os autores não poderiam estar presentes.

   Trazer essa figura do internauta, que nem mesmo sabemos de onde se comunica, agrega um grande valor à conversa. Uma das perguntas feitas pelo público, se refere à preocupação em dialogar com o território em que se filma. Principalmente no Donana e Uma casa Uma vida. Donana nasceu a partir dessa preocupação. A vontade dos personagens em retratar seu território através da música, foi um dos principais motivos que nos levou a realizar o filme.

   Uma casa Uma vida registra no próprio filme essa preocupação. Os realizadores relatam que fizeram o filme principalmente para que outros índios tivessem acesso àquela abordagem às mudanças na cultura. Mas apesar disso, me senti muito absorvido pela história. Mesmo sem ser índio. Às vezes fazemos os filmes apenas para mostrar a vizinhos e parentes. Mas o danado toma vida e viaja por todo país, por todo mundo.

DONANA EM IPANEMA

Sobre Cacau Amaral

Cineasta brasileiro. Direção em 5X Favela; 1 Ano e 1 Dia; Cineclube Mate com Angu; Sociedade Musical Lira de Ouro; Programa Espelho e Aglomerado. https://cacauamaral.com/
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