Como todo dia, saí do trabalho com uma tremenda vontade de dormir. Não sei se é o balanço do ônibus, já perguntei aos amigos (eles sentem a mesma coisa), não sei se é normal, só sei que tenho sono e pronto. Todo dia me pergunto se o melhor é ir pra faculdade ou pra casa deitar em minha cama e dormir. Depois de pouco tempo cai a ficha: se me proponho a estudar, se pago caro pra isso; por que dormiria? Entre ir pra casa dormir e ir pra faculdade, o melhor é ir pra faculdade e ponto. Nunca mais me questionarei sobre isso.
Ao chegar à faculdade ganhei um ingresso pro cinema e me veio nova questão: é melhor estudar ou ir ao cinema? Pô. Estudo todo santo dia. O cara me deu o ingresso na maior boa vontade. Qual o problema em deixar fluir um pouco de cultura? Entre estudar e ir ao cinema de graça, o melhor é ir ao cinema de graça.
Parado na fila do cinema bateu aquele soninho. Pensei – Pra quê entrar nessa projeção? Com o sono que tenho sentido, dormirei em cinco segundos. Dúvida cruel. Entre dormir no cinema e dormir em minha cama, indubitavelmente é melhor dormir em minha cama.
Em casa, deitado. Assim que preguei os olhos, minha memória fotográfica lembrou que entre dormir em casa e ir pra faculdade estudar o melhor é ir pra faculdade estudar, e isso seria inquestionável.
Percebi que estava diante de uma das maiores questões da humanidade: a referência circular.
Escrito para a Sessão infinito – Mate com Angu